Fonte: diário online
Durante oitiva no Ministério Público, Alexandre Nogueira disse que recebia parte do dinheiro com serviço prestado
O vereador de Uberlândia Alexandre Nogueira (PSD) assumiu, durante depoimento no Ministério Público Estadual (MPE) na última quinta-feira (31), a compra de uma van escolar em nome de um laranja para receber parte do dinheiro do serviço prestado em Araguari. O político foi preso, na última semana, durante a Operação “O Poderoso Chefão”, que investiga desvios com o transporte escolar na cidade vizinha e em Uberlândia.
Vereador ainda garantiu contratação da defesa para que o laranja mentisse sobre cheque da compra, diz MPE | Foto: Aline Rezende/CMUO vereador de Uberlândia Alexandre Nogueira (PSD) assumiu, durante depoimento no Ministério Público Estadual (MPE) na última quinta-feira (31), a compra de uma van escolar em nome de um laranja para receber parte do dinheiro do serviço prestado em Araguari. O político foi preso, na última semana, durante a Operação “O Poderoso Chefão”, que investiga desvios com o transporte escolar na cidade vizinha e em Uberlândia.
De acordo com o MPE, Nogueira relatou que a compra da van foi feita no estado de São Paulo. O veículo foi buscado pelo amigo e assessor parlamentar Wilson Zanata. O político disse que pretendia revender o veículo, mas enviou a van para ajudar a empresa Limiar Transportes a prestar o serviço de transporte no município de Araguari. O político assumiu receber lucros da linha percorrida pelo veículo.
Conforme o depoimento, o vereador confirma ter encontrado uma boa oportunidade na compra, uma vez que o veículo foi adquirido a R$ 54 mil. A van foi conduzida por um motorista contratado pela própria empresa, segundo Nogueira.
A empresa é uma das apontadas nas investigações como integrante do grupo suspeito de irregularidades, composto pelos dirigentes da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas (Coopass) e da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP).
As investigações apontam ainda que Alexandre teria comparecido à casa do laranja, logo após as buscas do dia de 10 de outubro no gabinete do vereador, para pedir que o cúmplice mentisse sobre o cheque da compra da van – cuja cópia foi apreendida durante buscas no gabinete dele -, configurando indícios de crime de obstrução de Justiça. Além disso, o Ministério Público afirmou que o assessor, também em depoimento, disse que o vereador teria garantido a contratação de seus advogados para defendê-lo.
O investigado negou qualquer envolvimento com a Coopass desde o primeiro semestre de 2012, quando deixou a presidência da organização. Ele também informou não ter participado da constituição da ATP, criada pela Coopass para ser uma “associação espelho” que apresentava planilhas adulteradas de quilometragem rodada à administração municipal, de acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A operação aponta ainda a formação de um grupo econômico com o intuito de maquiar a origem do dinheiro supostamente desviado do Município de Uberlândia. Nogueira, na oitiva, confirmou que tem sociedade em pelo menos três dessas empresas.
ÁUDIOS
Em relação aos áudios que o político mandou aos motoristas com teor desrespeitoso, em um grupo de WhatsApp, ele relatou que se expressou mal na situação. As investigações do Gaeco apontam que ele estaria tentando intimidar os motoristas que quiseram aderir ao novo modelo do serviço em Uberlândia, com contratação individual. Os comentários também justificariam a influência dele sob o comando das associações.
Ainda durante o depoimento, Nogueira insinuou que o coordenador do Gaeco, Daniel Martinez, estaria sendo parcial ao conduzir a oitiva gerando indisposição entre as partes. O promotor de Justiça então pediu respeito ao investigado que, ao final do depoimento, se desculpou pelo comentário. Assista abaixo trechos do depoimento.
OUTROS DEPOIMENTOS
Nas oitivas do vereador Juliano Modesto (SD) e do assessor Carlos da Mata, eles informaram que teriam perdido os telefones celulares no momento em que estavam foragidos. O vereador negou qualquer envolvimento com as cooperativas de transporte escolar.
O Diário de Uberlândia entrou em contato com o escritório que representa os investigados e foi informado de que os advogados não comentarão mais as investigações em questão relacionadas aos clientes.
INVESTIGAÇÕES
Com o avanço das investigações, o Gaeco apura não apenas as supostas irregularidades praticadas no âmbito da rede municipal de Uberlândia, como ainda a prática de crimes da organização na prestação de serviço de transporte à Prefeitura de Araguari. Os valores cobrados por quilômetro rodado chegaram a R$ 4, quase três vezes mais do que em Uberlândia.
O MPE tem cerca de 30 dias, a partir da deflagração da operação, para concluir os trabalhos e remeter a denúncia ao Judiciário.