Jose Nelto (PODEMOS) Duas notas no intervalo de 8 minutos
Sete deputados federais de Goiás foram citados no relatório Operação Tanque Furado, feito pelo Observatório Político e Socioambiental (Instituto OPS) que aponta supostas irregularidades nos gastos de parlamentares com combustíveis.
A denúncia foi feita pelo Fantástico, programa da Globo, e confirmada pelo POPULAR, que teve acesso aos dados. No relatório, há detalhamento de notas fiscais de Célio da Silveira (PSDB), Francisco Jr. (PSD), Glaustin da Fokus (PSC), José Nelto (Podemos), Professor Alcides (PP) e Rubens Otoni (PT). A deputada Magda Mofatto (PL) também é citada, mas na lista de parlamentares que apresentaram notas de alto valor sem documentos referenciados.
Os dados foram retirados do site da Câmara dos Deputados e são referentes a notas fiscais de despesa com combustíveis e lubrificantes, em valores a partir R$ 1 mil, emitidas nos anos de 2019 e 2020. O objeto de análise são despesas ressarcidas a parlamentares pela verba indenizatória (usada para despesas relacionadas ao mandato).
Além do combustível, os parlamentares podem usar este dinheiro para pagar passagens aéreas, consultorias e divulgação de atividades, por exemplo. O valor máximo que o deputado pode gastar depende do Estado. Em Goiás, segundo a Câmara dos Deputados, o limite mensal é de R$ 35,5 mil. No caso dos combustíveis, o teto é R$ 6 mil.
De acordo com o relatório, Célio Silveira apresentou documentação que aponta quantidade excessiva de abastecimento em apenas um dia. Em 8 de setembro de 2020, foram 28 abastecimentos. No dia seguinte, outros 45. Os documentos referentes aos dias 10 e 11 de setembro somam 51 abastecimentos. A nota fiscal eletrônica referente ao mês aponta gasto total de 5,7 mil.
Francisco Jr. (PSD) foi, segundo o relatório, ressarcido em R$ 2,6 mil, sendo que teria abastecido 615 litros de etanol em um único dia. Consta também a indicação de que o parlamentar abasteceu 1,2 mil litros de combustíveis apenas na última semana de março de 2019.
Em relação a José Nelto, há o caso em que foram emitidas duas notas fiscais do consumidor com diferença de oito minutos em 31 de julho de 2020, em que a soma de combustível adquirido é de 635 litros. O valor pago foi de R$ 1,9 mil.
No caso de Professor Alcides, a suspeita foi levantada porque o gasto com combustíveis se manteve sem alterações mesmo durante os meses mais graves da pandemia em 2020. O relatório aponta que o deputado apresentou documentação de 30 abastecimentos no dia 30 de janeiro do ano passado. A nota fiscal eletrônica naquele mês aponta gastos de R$ 6 mil com combustíveis.
O POPULAR mostrou em setembro de 2020 que o pepista foi o deputado goiano que mais gastou com combustíveis entre abril e agosto de 2020. Ao se justificar, o parlamentar disse que usou o produto enquanto entregava alimentos à população vulnerável de regiões que o apoiaram na eleição.
Ao citar Rubens Otoni, o relatório aponta que o deputado também comprou grande quantidade de combustível em uma única vez. Foram 684,24 litros de gasolina, no dia 6 de março de 2019, no valor de R$ 3.117,24. Há também abastecimento em nome de empresa, o que é proibido. Glastin da Fokus foi incluído na lista por supostamente abastecer veículos de empresas ou de pessoa física que não fazem parte do gabinete. As notas somam R$ 793,83.
O Instituto OPS cita 104 parlamentares no dossiê e chegou à conclusão que os gabinetes sempre apresentam notas dos mesmos postos de combustíveis, em valores próximos ao limite mensal estipulado pela Câmara, que é R$ 6 mil. “Como se fosse possível contabilizar até mesmo as gotas de combustíveis”, diz o texto do relatório. Para o instituto, os indícios de fraude demonstram ausência no controle dos gastos dos deputados.