Número de estudantes que deixaram a universidade temporariamente passou de 898 para 1.716. Falta de adaptação a aulas remotas e questões socioeconômicas colaboram. Queda total de matriculados é de 5%
Na pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2), a Universidade Federal de Goiás (UFG)tem sido atingida não só por cortes de orçamento do governo federal, mas também por mudanças no comportamento dos estudantes.
O número de alunos da graduação com matrículas trancadas teve um aumento de 90%, quando se compara o mesmo período letivo de antes e depois da Covid-19. Reportagem do POPULAR da última quinta-feira (13) mostrou que cerca de 600 estudantes perderam pelo menos uma bolsa, após cortes de benefícios acumulados, para se enquadrar no orçamento reduzido de 2021.
O estudante matriculado na UFG pode trancar a matrícula – ou seja, se afastar sem perder o vínculo com a universidade – por até quatro vezes, de forma consecutiva ou alternada. Cada trancamento dura o período de um semestre. No segundo semestre de 2019, a instituição tinha 898 estudantes com a matrícula trancada. Já no segundo semestre de 2020, que começou em abril de 2021, por conta do período sem aulas no início da pandemia, o número de matrículas trancadas subiu para 1.716. São 818 trancamentos a mais.
No total, foram 1.076 matrículas a menos entre 2019 e 2021, considerando as 818 trancadas, mais desistências e outros fatores. Em agosto de 2019, a UFG tinha um total de 20,6 mil estudantes matriculados. Já em abril de 2021, este número é de 19,5 mil, uma queda de 5%.
O reitor da UFG, Edward Madureira, aponta dois tipos de fatores que podem explicar esses estudantes que decidiram trancar suas matrículas: a não adaptação às aulas remotas e o contexto socioeconômico relacionado à pandemia. “Muito aluno teve de trabalhar e trancou, porque alguém da família morreu ou perdeu o emprego. Não dá para quantificar, mas a gente sabe de aluno que tinha condições, tinha recursos, e não queria o (sistema) remoto”, avalia o reitor